Ainda existem por esse Pico fora. Umas mais frequentadas do que outras, mas todas optimamente situadas em zonas de clima ameno e dispondo de boas “adegas” ou casas de veraneio. E é nesses sítios que, antes da ”despedida” para as residências próprias, os veraneantes promovem as festividades dos santos Padroeiros das respectivas ermidas que, em todo o Pico, se erguem e, cuidadosamente, são tratadas por zeladoras dedicadas.
Foram-se ou estão a terminar as festas de verão por estes sítios de lazer.
Realmente são as últimas deste Verão de 2013.
As que passaram, foram reconfortantes para quantos esperam para refazer forças gastas em trabalhos e canseiras de um ano nada ameno...
Para estes lados da Ponta, estão a terminar as lides da época. Toda a gente recolhe às adegas para acautelar o vasilhame que utilizou nas vindimas e preparar-se para a partida até às residências próprias: mas somente aqueles que não têm residência pelos lugares costeiros. É que a orla costeira da Ilha é toda constituída por lugares e sítios de veraneio, onde abundam as vinhas, nem que sejam as “americanas”.
O Pico está rodeado de sítios onde abundam as adegas ou casas de verão junto dos Currais de vinha, uma característica única em toda a ilha.
A Areia Larga era, ainda será?, uma estância de verameneio dos Faialenses. A testemunhá-lo ainda lá se encontra o solar dos Salemas. Mas outros mais por lá ficaram. Um pouco além, o Cais do Mourato, o Cachorro, o Lajido, o Cabrito, a Baía de Canas, o Canto de Santo Amaro, e, depois, a Baixa, o Cais do Galego, Calhau, a Manhenha, e por aí fora.
O mês de Setembro é o das festas da Piedade. No primeiro domingo deste mês, realizou-se a festa da Padroeira. Depois, no terceiro, é no Calhau a festa de Nossa Senhora da Boa Viagem, numa ermida construída há poucos anos para, no último, se realizar a tradicional festa de Nossa Senhora das Mercês com que se fecha o ciclo festivo. E talvez por isso, é uma das mais concorridas, não apenas pelos habitantes da própria freguesia como por outros, vindos das freguesias limítrofes.
É no dia de Nossa Senhor das Mercês, que se venera na ermida de São Tomé, que se prova o vinho novo e se oferece aos visitantes. Uma tradição simpática, que ainda se mantêm, apesar das vinhas estarem em decadência. Nem todas são assistidas, por falta de mão de obra. Além disso as castas existentes são pouco produtivas e nada compensa a sua manutenção. Por aí vão aparecendo, nas grandes e médias “superfícies”, diversas marcas de vinhos importadas, e que os consumidores vão preferindo. A Izabela só com as “Sopas do Espírito Santo”... e pouco mais.
Os lugares de veraneio vão crescendo à volta do Pico. E refiro o lugar da Manhenha onde habitam, permanentemente, algumas dezenas de famílias. O mesmo no Calhau e na Baixa. E é por isso que, dando continuidade a uma religiosidade tradicional, também vai crescendo o número de ermidas. Há poucos anos foi restaurada, felizmente digo, a ermida de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, no Calhau, que conta quase dois séculos de existência. E está em adiantada construção a ermida que vai ser dedicada ao Papa Beato João Paulo II.
O Governador Santa Rita, no seu relatório de 23 de Dezembro de 1867, faz referência a trinta e uma ermidas existentes no Pico, incluindo nelas as igrejas de São Pedro de Alcântara e de Nossa Senhora da Conceição dos antigos conventos franciscanos. Silveira de Macedo, na “História das Quatro Ilhas”, (1871), refere 27. Actualmente, a freguesia ou paróquia da Piedade, tem cinco ermidas: Fetais, Manhenha, Cais do Galego, Calhau (2) e a nova deste sítio da Engrade, onde já se encontram alguns moradores permanentes e o número de habitações, que há poucos anos mal chegava à meia dúzia, já vai passando das três dezenas.
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